segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Capítulo 5



13 de Dezembro de 2016
10:00

Tom estava no palco, entretido a tocar guitarra e a enlouquecer os milhares de fãs que o olhavam atentamente enquanto demonstrava as suas habilidades musicais durante o seu solo.
De repente, ouviu uma voz chamar o seu nome. Era apenas um sussurro, mas sobrepunha-se a todas as outras, como se estivesse alguém ao seu lado.
- Tom… Acorda, amor…
Ele abriu os olhos e viu o quarto na semi-claridade. Quem o chamava era Lori, que estava agachada ao seu lado e lhe sorria.
- Bom dia! – cumprimentou ela, ao vê-lo finalmente acordado.
- Bom dia… - respondeu ele, sem grande entusiasmo. Tinha estado a sonhar com os seus tempos de fama e glória como guitarrista dos Tokio Hotel e estava a saber-lhe bem reviver tudo aquilo. Foi um desgosto acordar naquela altura…
- Trouxe-te o pequeno-almoço – informou ela, pegando num tabuleiro pousado atrás dela.
Esperou que o Tom se sentasse na cama, pousou o tabuleiro nas pernas dele e preparou-se para sair, depois de lhe dar um beijo. Ela já ia quase a chegar à porta quando o Tom teve uma ideia e a chamou de novo.
- Trazes-me o meu telemóvel, por favor? – pediu ele.
Ela acenou afirmativamente e voltou alguns momentos depois com o telemóvel, que tinha estado pousado na mesa da sala desde a noite do acidente.
Tom ligou-o à corrente, uma vez que estava sem bateria, e navegou pela lista de contactos à procura de um nome específico. A sua mãe podia não saber a razão da discussão entre os filhos, mas ao menos tinha os seus amigos, que lhe podiam dar infrmações.
Quando encontrou o que pretendia, clicou na tecla de chamada e encostou o telemóvel ao ouvido. Ficou a ouvir o tom de chamada, impaciente pela demora.
- Tom, meu velho! – disse finalmente uma voz alegre do outro lado.
- Gustav! Como vais?
- Bem. E tu? Nunca mais disseste nada…
- Ui, longa história… - Tom achou melhor não contar nada pelo telefone pois queria pôr a sua ideia em prática o mais depressa possível - Era por isso mesmo que eu queria falar contigo.
- Passa-se alguma coisa? – perguntou o Gustav, denotando um tom estranho na voz de Tom.
- Podes passar cá por casa hoje? – questionou o Tom, ignorando a pergunta.
- Por mim é na boa… Dás-me almoço?
- Claro, meu. Anda! – insistiu o Tom, ansioso por “sacar” mais algumas informações.


***

12:18

Por cima do ruído de fundo da TV, Tom ouviu alguém bater à porta. Pouco tempo depois, ouviu passos no corredor e depois alguém entrou no seu quarto sem se dar ao trabalho de bater.
- Então, seu preguiçoso? - Cumprimentou Gustav – Convidas-me para almoçar em tua casa e nem sequer te levantas da cama?
- Meu grande palerma, não vês que eu estou muito doentinho? – disse o Tom com um brilho no olhar. Só ele sabia como se aproveitar de certas situações – Tens que me fazer todas as vontades! Põe os olhos ali na minha querida mulher, que me trata lindamente!
Sorriu para Lori que se encontrava encostada à ombreira da porta. Ao ouvir isto, a face dela abriu-se num sorriso de orelha a orelha.
Só naquela altura Gustav reparou na verdadeira razão para a falta de cortesia do Tom. Tinha o braço esquerdo ao peito, com uma protecção desde o ombro ao cotovelo. Eram visíveis algumas cicatrizes nas mãos e estava com um ar cansado, mas gozão, como sempre.
- Tom, foste para a guerra e ninguém me avisou? – perguntou o Gustav, tentando aliviar o choque com uma piada.
- Tive um acidente de carro, no mês passado… - Esclareceu o Tom – Senta-te aqui e eu conto-te tudo.
Lori decidiu deixá-los em paz para pôr a conversa em dia e Tom agradeceu silenciosamente.
- Meu, tu não tens bem a noção do que me está a acontecer… - disse o Tom, deixando de lado o ar aparentemente contente, que usava para manter Lori satisfeita e longe. Quando ele parecia abatido ela ficava sempre com ele e tentava animá-lo, sem perceber que isso era a última coisa que ele queria.
Tom contou a Gustav que tinha estado no hospital e tinha descoberto que não se lembrava de nada do que se tinha passado nos últimos anos da sua vida.
- E então preciso de ti para me contares o que raio se passou entre mim e o Bill porque parece que estamos chateados…
- Vieste ter com a pessoa errada… - respondeu o Gustav, recomposto depois do choque inicial – Ninguém sabe porque raio é que vocês não se falam. Só sabemos que são os dois casmurros e teimosos e nenhum quer dar o braço a torcer.
O Tom não tentou sequer fingir o desapontamento que sentiu ao ouvir aquilo. Estava à espera de respostas e afinal só o Bill, a única pessoa que não queria nada com ele, é que as tinha. Pensando bem, era mesmo típico deles chatearem-se e não dizer a ninguém porquê. Mas por mais que pensasse, não conseguia pensar num motivo suficientemente forte para que deixassem de se falar durante tanto tempo.
Acabou por pedir o número de telefone do Bill ao Gustav, uma vez que o tinha apagado da lista de contactos no telemóvel e perguntou-lhe como estava tudo com ele.
- O Bill está a safar-se com a carreira a solo! E consegue conciliar a carreira de cantor com a de modelo, o que é óptimo para ele…
- Ainda bem – apesar de saber que o seu irmão estava chateado com ele, não conseguia sentir qualquer tipo de ressentimento e estava realmente feliz por o seu irmão se estar a sair tão bem - E o Georg?
- O Georg está em tour com a banda nova dele. Ele telefonou-me ontem e hoje devem estar em Moscovo, se a memória não me falha.
- Meu, nós ficamos todos separados?
- Ficamos… Eu também arranjei uma banda nova e estamos a gravar um álbum novo – deixou a modéstia de lado por um segundo – E estamos a ter um sucesso do caraças pá!
- Fico contente por vocês, a sério. Mas… Ainda é tudo tão estranho!
- Acredito! Não consigo sequer imaginar o que é perder sete anos das nossas vidas assim de um momento para o outro!
- Olha… Já agora, mais uma coisa – acrescentou o Tom, olhando para a porta para ter a certeza que Lori não estava a ouvir – Como é o meu casamento com a Lori? Ela diz que é tudo um mar de rosas, mas eu não sei, há alguma coisa que não me soa bem…
- E com razão… - Gustav baixou a voz – Se ela te disse isso, mentiu-te…
Tom olhou curioso para ele e sentiu uma pontada de rejubilo dentro de si. Finalmente ia ter notícias interessantes!
- Pelo que tu me contaste, vocês estão sempre a discutir. - continuou o Gustav - Da última vez que falamos, tu disseste que estavas a pensar pedir o divórcio porque já não aguentavas mais…
Calou-se porque ouviu passos que se aproximavam do quarto e ambos fingiram estar distraídos. Lori entrou no quarto e sorriu para os dois rapazes, recostados na cama. Gustav tinha o comando na mão e fazia zapping pelos canais todos.
- Meninos, o almoço está pronto – disse ela - Achas que te consegues levantar ou preferes que eu te traga o almoço aqui, Tom?
- Naaa, eu levanto-me… Só tenho umas costelas partidas e um ombro deslocado, não estou inválido!
Riram-se do comentário dele, principalmente quando notaram o esforço que ele estava a fazer para não se queixar das dores ao levantar-se.
 
 
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